7º Dia - Médanos -> Puerto Madryn

Apesar de ontem termos sentido o vento de forma mais intensa do que estamos acostumados no Brasil, hoje ao sair de Médanos, sentimos ele mais forte ainda. Há 200 mts. antes de chegarmos no posto para abastecer, no Rio Colorado, fomos parados pela policia. Pediram os documentos, deram uma leve revistada nos baús (só por cima) e pediram desculpas pelo transtorno. Perguntaram para onde íamos, falei: Ushuaia. Eles arregalaram os olhos e um deles, com um grande sorriso, disse: 
– Depois que entrar na RN-3 vai sentir o vento de oeste. 
Depois descobrimos que ele quis dizer: “vento de lado”. Até chegar na RN-3 o vento era de frente, foi entrar nela para sentirmos o tal do vento! A força lateral deste vento simplesmente não dá trégua, sopra sem parar, o modo de pilotar muda totalmente, digo pilotagem porque se não pilotar, cai. De lá para frente, em uma reta sem fim, você vai fazer curva até Ushuaia. Digo fazer curva porque o vento empurra a moto para esquerda e você tem que compensar, fazendo curva para direita, no stop. As únicas áreas sem vento são os postos de combustível. Ultrapassar, principalmente caminhões, requer muita atenção, a ultrapassagem deve ser bem calculada, pois ao iniciar a ultrapassagem o vento estará empurrando a moto para esquerda, quando você começa a receber cobertura do caminhão, a moto volta a seguir em frente, e próximo à cabine, quase no fim da ultrapassagem, você terá que compensar para direita, violentamente, pois o vento vai jogar duro para esquerda. É preciso ficar muito atento a caminhões com vão entre eixos muito grande, pois nestes o vento passa por baixo, desestabilizando a moto durante a ultrapassagem. Os caminhoneiros desta rota estão acostumados com as motos, a maioria admira muito, então é só ter calma pois eles não atrapalham em nada. No posto em Sierra Grande, brincando com o vento, dava para largava o corpo que ele não caía. Fomos assim até Puerto Madryn, parada de dois dias para descansar, após sete dias seguidos só de estradas.