5º Dia - Às margens do "Velho Chico"

Oano de 2016 está acabando, daqui poucas horas ele entrará para história. Para nós, ele será lembrado como o ano em que fomos para o Ushuaia, nosso grande feito até agora, uma das viagens mais difíceis para um motociclista. Para o país, o ano do desmascaramento, do espanto previsível, do cinismo infantil, tempos de rever conceitos, ano em que a reflexão foi imposta. Hoje o dia foi sabático, sem moto, sem estradas, somente o silêncio, quebrado em alguns momentos pelos cantos dos pássaros. O calor derretia a barraca, não choveu nenhum dia desde que chegamos aqui, o legal é que este camping está localizado em uma área privilegiada, o rio São Francisco, “Velho Chico”, passa na propriedade. Cinco minutos de caminhada e já estávamos nos refrescando a sua margem, que alívio! 
No final da tarde, quando o sol deu uma trégua, começamos a preparar as coisas para nossa partida. Como não carrego rampa para colocar a moto no carro, sempre que chego em um lugar, procuro uma elevação no terreno, de modo que a tampa traseira totalmente aberta, fique na altura mais próxima da roda dianteira da moto, facilita muito descarregar e carregar. Quando terminamos de ajeitar tudo, estava tão quente, que fomos obrigados a tomar um banho, na verdade a temperatura só melhorou quando anoiteceu. 
Exatamente às 22h:00, estava deitado na barraca, quando escutei uma pessoa gritando: Luís, Fernanda, o Luís, vêm, já tá pronto, era o Ney, que se intitula gerente, garçom, empresário, mas que na verdade têm talento para ser um comediante, chamando para festa que organizaram. Durante o jantar, sentamos na mesma mesa de um casal de Franca, que viajavam em uma Ténéré 650. Ontem no café da manhã, encorajamos a irem na cachoeira do Fundão, passei algumas dicas, eles criaram coragem, e hoje eles foram, não faltou assunto na mesa, tanto que terminamos a conversa em 2017. O que nos deixou feliz neste jantar, foi saber que o casal soube aproveitar as dicas que passamos, ficaram impressionados com a mudança na condução da moto, somente com o fato de recalibrarem os pneus. Disseram ter prestado atenção nas dicas que demos, mais isto não basta, eles também confiaram, colocaram em prática, e para nossa felicidade, foram bem sucedidos, é isso que nos move escrever, compartilhar aquilo que aprendemos.

- FIM DA ESTRADA -