VIAGEM DE MOTO PARA O CHILE: DIA DE HOJE CONCÓN

VIAGEM DE MOTO PARA O CHILE: 9º DIA - MENDOZA -> CONCÓN

Atravessar a Cordilheira, é um momento especial da viagem, não só pela beleza grandiosa, surpreendente, mas também pelo desfaio de ter que enfrentar a altitude, o frio, o vento, a chuva, e tramites aduaneiro. Isso faz deste dia, um tempo repleto de experiências incríveis e histórias inesquecíveis. O principal ingrediente para uma boa travessia da Cordilheira, sem dúvida é o clima, especialmente para motos. Escolher a melhor época do ano, e hora do dia, é a primeira coisa que devemos planejar, altitude com muita chuva, são sinônimos de frio, vento e neve. Planejar não garante a travessia no dia pretendido, aqui quem manda é a natureza, mas aumenta a probabilidade de dar certo. Amanhece céu azul em Mendoza, perfeito, chegamos até aqui, e no dia programado para atravessar a cordilheira, o céu amanhece sem nenhuma nuvem, isso é muito bom, mas não significa que lá, a 2800 metros de altitude, esteja acontecendo o mesmo, pensava eu, enquanto colocava a luva. Parada para calibrar os pneus, e lá vamos nós! Saímos da cidade, e após alguns minutos de estrada, já avistamos os picos nevados da cordilheira. Fizemos uma parada em Uspallata para esticar a perna e seguimos, neste trecho a geografia começou a mudar, o vento apareceu, e a temperatura que a pouco estava 25 graus, caiu para 16 graus. A estrada que antes era de asfalto, agora passa a ser de concreto, curvas fechadas surgiram, começamos a subir, curva, sobe, curva, sobe, e a temperatura despencando, o céu sem nuvens, agora estava carregado, chegamos ao mirador Aconcágua, e o termômetro da moto marcava 6.5 graus. O vento estava tão forte, que nem mesmo o capacete parava em cima da moto, o jeito foi pegar tudo que esquentava na mala e correr para o abrigo para se trocar. Três quilos de roupa depois, com um pouco de dificuldade para andar, sentimos que dava para continuar. De repente, entram duas francesas de camiseta e bermuda, sorrindo, como se lá fora estivesse 30 graus, ficamos olhando um pro outro, se perguntando, o que é isso? Sem entender a capacidade das francesas em abstrair o frio, seguimos viagem e não demorou muito para atravessarmos o túnel Cristo Redentor, e chegar na aduana. Sendo integrada, aqui fizemos a saída da Argentina e entrada no Chile, voltamos para moto, andamos alguns metros, onde paramos para revistarem as malas. subimos na moto novamente e mais alguns metros a frente, em uma cabine policial, entregamos uma espécie de comprovante, e finalmente, seja bem vindo ao Chile. Para apimentar mais ainda o dia, ainda faltava a cereja do bolo, as curvas de Los Caracoles, bajamos muy despacio, só apreciando, aproveitando o máximo aquele curto momento. Ao final de muitas curvas, bem fechadas, a temperatura começou a subir, algo bem compreensível, a poucos minutos atras estávamos a 2950 metros de altitude, com muito frio, 45 km depois, onde paramos para tirar os três quilos de roupa, a altitude era de 998 metros, quase dois mil a menos, a temperatura que antes oscilava entre 6 e 8 graus, subiu para 26 graus. Até Con-Con, destino final deste dia, estradas perfeitas, tempo bom, temperatura agradável, assim seguimos o caminho, felizes por concluir mais uma travessia da Cordilheira dos Andes. A cada travessia, grandes experiências, novos aprendizados, em poucas horas de uma vida.