Hoje a maior parte do trajeto foi em estrada de pista dupla, vazia, com retas à perder de vista. Isso pode parecer bom, seguro, mas na verdade é cansativo, viajar de moto em linha reta por muito tempo, o corpo não se mexe, não há o que fazer, a solução é ficar um pouco em pé, cantar umas músicas, ou ficar fazendo contas de quilometragem, andei tanto, falta tanto… Retas e retas depois, conforme nos aproximávamos de Mendoza, avistamos pela primeira vez nesta viagem a Cordilheira dos Andes. Seus picos nevados, que confundíamos com as nuvens, nos hipnotizou, quando nos demos conta, já estávamos a poucos quilômetros de Mendoza. Antes de entrar na cidade  paramos para abastecer e enquanto comia um lanche de sei lá o que, quatro crianças se aproximaram das motos e começaram a perguntar de onde vínhamos, todos afoitos, praticamente encostando no motor das motos, imediatamente falamos: Cuidado, la moto estais caliente. Ficaram olhando por alguns segundos com um olhar de estranheza e perguntaram: porque habla diferente. Pronto, fomos descobertos por crianças de 5 anos de idade. Falamos: somos brasileños, hablamos português. Com cara de que não estavam entendendo nada, saíram gritando, “Brassil!”, “Brassil!”