13º Dia - Ushuaia -> Canal de Beagle

Navegar é preciso, viver não é preciso. A frase do poeta italiano Petrarca resume bem como foi o dia. Acordamos as 10h00, como estávamos hospedados nas Cabanas Martial, localizada no Cerro Martial, aceitamos uma carona até o centro da cidade, que foi gentilmente oferecida pelo proprietário, ou melhor, nosso amigo Salvador. Ushuaia, por ter um porto estratégico para a região, é uma cidade bem movimentada, com muito carro e trânsito. O frio e a falta de transporte público também são fatores que contribuem para o excesso de veículos, quando faz frio e neva ninguém anda à pé, fazem tudo de carro, parece que cada morador tem pelo menos um carro. Vimos muitos turistas de vários lugares do mundo, chegam de bicicleta, moto, carro, motor home, enfim, com o que tiver rodas. No comercio, como carro chefe, seguem as lojas de souvenirs, uma grudada na outra, impossível sair de lá sem levar pelo menos um imã de geladeira. Depois de comer na Taberna Viejo Lobo, fomos para o porto, de onde saía o passeio de barco, pelo canal de Beagle. Navegamos por 1h00 até chegarmos em uma ilhota cheia de leões-marinhos, o barco aproximou e deu uma paradinha para o pessoal tirar foto, e aqui vale uma ressalva: cada foto um tapa! prepare-se para sair no tapa ao tentar tirar uma foto, ou não vai ver nada! Seguindo viagem, o frio é algo inexplicável, ventava e em certos momentos a chuva caía, mas a vista que o barco proporcionava, das montanhas com neve, é algo inexplicável de belo. Na maior parte da viagem o barco seguiu com vento a favor e, com o mar calmo, chegamos ao Farol. Tiramos fotos mas o barco não ficou muito tempo lá porque esta muito frio. Para tirar uma boa foto precisava ficar do lado de fora do barco mas, estava muito frio, somente a galera que estava bebendo no bar do barco é que conseguia ficar lá fora, não estavam sentindo nada. Depois o barco seguiu para ilha Martillo, para vermos os pinguins. Nesta hora todos os passageiros saem do barco para tirar foto, ficam o tempo que o frio permite e depois voltam para dentro do barco. Continuamos a navegar para o sul, por cerca de 1h30 e lá estavam os pinguins, o auge do passeio, o difícil foi fotografar, contei quinze sendo que dois estavam na água. Dizem que japoneses, europeus, são super educados, eu concordo, até avistarem um pinguim, aí sai de perto! é empurra empurra para todo lado. O barco ficou parado para fotos por uns 10 minutos e aí começou a retornar. Regressar para o Ushuaia não foi uma tarefa tão fácil assim, lembram do vento a favor? agora ele estava contra, as ondas faziam o barco subir a ponto de não dar para ver o horizonte, quando ele descia na onda, ele dava de encontro com uma onda que estourava no para-brisa da cabine do capitão. A responsável pelo tour estava com cara de pânico, assim como toda tripulação. Foi questão de tempo para que boa parte dos passageiros começasse a passar mal, alguns acho que não vão andar de barco tão cedo! Tinha uma passageira que ficava distribuindo remédio de enjôo para um monte de mulher, todas com “saquinho branco” na mão! E assim seguimos por cerca de 4h00, a previsão de retorno era de 3h00. Neste momento, o que mais nos confortou foi saber que o último naufrágio no canal de Beagle ocorreu em 1930. Ufa! O desembarque foi muito parecido com o do filme “O Piloto Sumiu”, a empresa agradecendo a preferência, enquanto uns saíam brancos, outros pálidos e alguns amparados. Como saímos ilesos, conseguimos pensar em comida, então terminamos o dia no restaurante que tínhamos colocado o adesivo do moto andarilha pela manhã, nada mais justo.